Perto das 20h desta quarta-feira, o governo federal parece ter conseguido o apoio do Congresso para que não seja derrubado o veto à emenda que instituiu a fórmula 85/95 como alternativa ao fator previdenciário. Até o fim da tarde, uma equipe de cinco ministros trabalhava na finalização de uma proposta do Executivo para o cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição. Vale ressaltar que a aposentadoria por idade não é alterada pelas regras em discussão.
Nota oficial divulgada pelo governo na noite desta quarta-feira informa o veto à emenda da medida provisória (MP) 664 e a edição de uma nova MP "que assegura a regra de 85 pontos (idade+tempo de contribuição para mulheres) 95 pontos (idade+tempo de contribuição para homens). (...) Ao mesmo tempo, introduz a regra da progressividade baseada na mudança de expectativa de vida e ao fazê-lo visa garantir a sustentabilidade da Previdência Social".
A nota não dá detalhes sobre a fórmula progressiva, isso foi divulgado no Diário Oficial da União desta quinta-feira.
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A reunião de finalização da proposta teve a participação dos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Previdência Social, Carlos Gabas, e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva.
Ao fim do encontro, Gabas apresentou a proposta a representantes de centrais sindicais e, depois, seguiu para o Congresso Nacional para consultar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Somente após esse último encontro é que Dilma decidiu pelo veto, pois reconhece que o momento político não é de desafiar confrontos.
Desaposentação depende de decisão do Supremo
A sustentabilidade da Previdência Social parece ser a principal preocupação do governo. Porém, economistas afirmam que o orçamento do órgão, que é de cerca de 7% do PIB, está no mesmo patamar de outros países com população idosa maior veja ao lado. A diferença é que, aqui, o caixa da Previdência paga benefícios a quem nunca contribuiu, como produtores rurais.
Qual o tamanho do rombo da Previdência Social?
No centro do debate sobre o cálculo da aposentadoria uma pergunta permanece sem resposta: até onde a Previdência brasileira aguenta? A opinião de especialistas que acompanham o tema de perto não é muito animadora. O envelhecimento da população, a entrada de cada vez menos pessoas no mercado de trabalho e as aposentadorias precoces pesam contra. Projeções do IBGE indicam que em 2050 a população em idade ativa será de 57% do total.
O gasto com aposentadorias é superior à arrecadação desde 1997. A regra 85/95 beneficia o trabalhador no curto prazo porque permite que as aposentadorias sejam pagas em seu valor integral, mas deve ter impacto doloroso nas contas públicas nos próximos anos avalia Fábio Giambiagi, professor da UFRJ."